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O Twitter, o site de mensagens da internet usado por 20 milhões de pessoas em todo o mundo, foi o principal meio de comunicação sobre a rebelião que tomou conta do Irã, a partir do último sábado, 13 de junho. “Teerã está escura e fria nessa noite. Estou ouvindo gritos. Assustador”, afirma um internauta identificado como Mohamad Reza, que além disso descreve para o mundo o clima sombrio que paira sobre a capital do Irã no dia seguinte às eleições presidenciais do país. O presidente Mahmoud Ahmadinejad declarou-se reeleito e aparecia sorrindo nos canais de TV locais. O opositor Mir Hossein Mousavi, derrotado, foi a público para chamar o resultado de “farsa”. Um grande número de pessoas tomou as ruas para protestar. Como esperado, a polícia do regime teocrático reprimiu as manifestações com violência. “Teerã está escura e fria nessa noite”, escreveu Reza. Seu sussurro de medo escapou de Teerã, capital do Irã, para o resto do mundo por meio do Twitter, Nos dias seguintes, com a oposição nas ruas e o governo usando força e censura para sufocá-la, o sussurro do Twitter cresceria para tornar-se um protesto, um grito e, finalmente, um clamor que tomou conta da blogosfera e terminou por criar um movimento mundial de solidariedade aos iranianos. “O protesto que se desenrola no Irã é por definição um conflito do século XXI”, escreveu Nicholas Kristof, articulista do jornal The New York Times. “De um lado, há os trogloditas do governo disparando balas. De outro, há jovens rebeldes disparando mensagens de Twitter”, completa Nicholas.
O que ocorreu no Irã na semana passada pode ser definido como uma rebelião 2.0, talvez a primeira da história, certamente aquela de maior importância desde a popularização da rede, em meados dos anos 1990. Com os artistas e intelectuais mais expressivos em dificuldades, os jornais censurados e as TVs sob o controle estatal, restou aos opositores de Ahmadinejad recorrer à internet em busca de informação e de organização. O Irã tem 70 milhões de habitantes, dos quais mais de 23 milhões têm acesso à rede e mais de 45 milhões possuem telefones celulares. Essa infraestrutura física e humana foi posta a serviço da oposição, com maus resultados para o regime.
Quando a polícia agrediu e matou manifestantes nas ruas de Teerã, as imagens captadas por celulares e câmeras clandestinas foram postadas no YouTube, assim como mensagens de protesto no website que permite que seus usuários carreguem e compartilhem vídeos em formato digital. Os links destes vídeos foram imediatamente postados no Twitter.
Segundo o site Trendrr, que dá a medida dos assuntos mais comentados nos sites da internet, o Twitter teve pico de 220 mil mensagens por hora na quarta-feira 17 com a palavra “Iran” (Irã, na tradução do inglês). Durante toda a semana, mensagens com #IranElection foram as mais postadas pelos usuários. O número de blogs discutindo o mesmo assunto alcançou a marca de 2,25 milhões em um só dia, 17 de junho. No total, foram mais de 20 milhões de posts desde o dia das eleições. No YouTube, em um único dia foram 3 mil novos vídeos com imagens dos protestos no país.
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